O agronegócio brasileiro enfrenta um novo desafio com a recente implementação da legislação da União Europeia, que visa barrar a importação de produtos agropecuários originários de áreas desmatadas ou de países com baixa fiscalização ambiental e trabalhista. Enquanto essa medida pode gerar preocupações em alguns setores, para a cadeia produtiva da borracha brasileira, ela representa uma grande oportunidade.
O Brasil se destaca como um país onde a produção de borracha segue regras ambientais rigorosas, com fiscalização regular e punições severas para garantir a conformidade com a legislação trabalhista, que proíbe o trabalho infantil. No entanto, os produtores de borracha enfrentam dificuldades para competir com países cujos custos de produção são menores, o que reduz seus lucros e desestimula o crescimento da cadeia produtiva como um todo.
A nova lei europeia tem o potencial de retirar do mercado produtos de países que não respeitam as normas ambientais e trabalhistas, abrindo espaço para os produtos brasileiros, que são produzidos de forma sustentável e ética. Isso poderá proporcionar acesso a mercados mais sofisticados, que valorizam a conformidade com padrões ambientais e sociais, e que deixariam de comprar de países considerados ambientalmente irresponsáveis.
Além disso, é crucial proteger os produtores brasileiros de borracha para garantir a continuidade de uma das principais cadeias do agronegócio do país. O governo brasileiro já respondeu parcialmente às demandas do setor, aumentando o imposto de importação de países concorrentes como Tailândia, Indonésia, Vietnã, Malásia e Índia. No entanto, é necessário ampliar essas limitações, dada a concorrência predatória que esses produtores enfrentam.
Com a implementação de novas regras de proteção e legislação por parte dos países membros da União Europeia, o setor brasileiro de borracha pode recuperar sua posição e dar o retorno necessário para manter a cultura e os agricultores no campo, garantindo a existência perene de uma das principais cadeias do agronegócio brasileiro e, principalmente, cumprindo sua função social.
A nova lei europeia representa tanto desafios quanto oportunidades para o agronegócio brasileiro, e é fundamental que o país busque maneiras de capitalizar essas oportunidades, protegendo ao mesmo tempo seus produtores e garantindo a sustentabilidade ambiental e social de sua produção agrícola.
por José João Auad Júnior, presidente da Apotex Brasil – [email protected]